A Secretaria de Desenvolvimento Regional de Itapiranga obteve a classificação de duas escolas na IX Feira Estadual de Ciências e Tecnologias, em Florianópolis. Na categoria Ensino Fundamental, a EEB São José ficou em primeiro lugar, com a apresentação do projeto Micro-organismos eficientes (EM): Mescla beneficiosa no cultivo de orquidáceas; e na categoria Ensino Médio, o projeto Efeitos da poluição sonora no ambiente escolar, da EEB São Vicente, ficou na segunda colocação.
Cada uma das duas escolas de Itapiranga foi representada por dois alunos e um orientador, acompanhados do supervisor de Ensino Paulo Ludwig, representando a Gerência de Educação (Gered). Além dos dois projetos, a Casa Familiar Rural Esperança, de Iporã do Oeste, também esteve na capital participando do evento e competindo na categoria Educação Profissional. Os três projetos foram os vencedores da IV Feira Regional do Conhecimento, realizada, em agosto, na cidade de Tunápolis.
Da etapa estadual, participaram, ao todo, 84 projetos de todo o Estado de Santa Catarina. Os três primeiros colocados, nas três categorias, ganharam troféus individuais e tablets. As escolas vencedoras também receberam troféus de honra ao mérito e, no momento da premiação, a presença da SDR Itapiranga nas duas categorias chamou a atenção do secretário de Estado da Educação, Eduardo Deschamps. Ele lembrou que aqueles alunos haviam viajado muito para estarem ali.
EEB São José
O projeto desenvolvido pela EEB São José contou com a orientação da professora Fabiana Tres e com a pesquisa dos alunos Alana Schneider, Felipe Engel e Camila Fuhr e Alessandra Neiss, que representaram o grupo em Florianópolis. O projeto, desenvolvido pelos alunos da sétima série do Ensino Fundamental, consistiu na manipulação de um adubo que trata a orquídea como um todo, uma vez que atualmente existem, no mercado, produtos para tratá-la por partes, como para florir, nutrir e se desenvolver. “Os alunos desenvolveram, então, um composto de micro-organismos eficientes, farelo de soja, farelo de trigo, farelo de arroz, farinha de osso, pinga vegetal, melaço de cana e palha de milho. Chamamos tudo isso de 'mescla beneficiosa no cultivo de orquidáceas'”, explicou Fabiana. A professora de biologia revelou, ainda, que os experimentos dos alunos começaram a ser feitos no mês de fevereiro deste ano, com as aplicações nas orquídeas e a constatação dos resultados positivos.
A expectativa da professora na Feira era grande, mas ela revelou que procurava não transmitir isso para seus alunos. “Caso perdêssemos, a decepção seria grande. Então, eu dizia que ir para Florianópolis já era um prêmio por termos vencido a etapa regional. Se ganhássemos mais uma etapa, a felicidade seria redobrada”, comentou Fabiana.
“Qualquer um tinha chance de ganhar, pois eram todos bons projetos, mas eu estava confiante, sim. Eu tinha esperanças de vencer”, revelou Alessandra Neiss, de 13 anos.
Segundo a professora Fabiana, a vitória na capital também foi considerada um presente pelo Dia dos Professores, comemorado em 15 de outubro. “A Fabiana precisa ser homenageada neste dia, pois ela sempre esteve presente em todas as oportunidades e soube nos apoiar em todos os momentos de dificuldades”, disse Camila Fuhr, também de 13 anos.
EEB São Vicente
O projeto “Efeitos da poluição sonora no ambiente escolar”, da EEB São Vicente, foi desenvolvido por seis alunos: Bruno Melz, Camille Stülp, Daeana Bourscheid, Jaine Führ, Lucas Eidt e Poliana Kirchhof. Os professores orientadores foram Deisi Ferrari, Eder Alvarenga e Henrique Drebel. Os representantes da escola em Florianópolis foram Camille, Daeana e o professor Henrique.
“Sons harmônicos são motivadores e exercem papel fundamental, potencializando o bom humor, a concentração e a autoestima. Situações contrárias possivelmente geram um caos em nossos cérebros, provocando-nos a desorganização interior, desconcentração, depressão, e podem levar ao stress e culminar em diferentes patologias. Fatos estes que acabam prejudicando o rendimento dos alunos, tanto em salas de aula, quanto dentro de suas próprias casas. Com o som em excesso, não há o ligamento dos neurônios (sinapse), o que faz com que o aprendizado, o rendimento e a concentração se tornem menores, dificultando o entendimento e a fixação dos conteúdos essenciais para os alunos”. Foi com esta justificativa que os jovens desenvolveram o projeto e o apresentaram em Florianópolis.
Os alunos buscaram dados junto à Organização Mundial da Saúde (OMS) e fizeram medições dos ruídos em sua escola. “A intensidade sonora medida girou em torno de 90, quando o permitido é 55 decibéis para o ouvido humano. Hoje em dia, encontramos muitos idosos com problemas de audição. São pessoas que não tiveram, no passado, a rotina de baladas e som alto que muitos jovens têm hoje. Ou seja, é possível que tenhamos uma geração de surdos no futuro”, alertou Henrique, professor de música.
Com base em suas pesquisas e estudos, os alunos fizeram uma campanha de conscientização dentro da EEB São Vicente e a ideia é levar esse trabalho para outras escolas de Itapiranga, a fim de falar sobre a importância do silêncio para o estudo.
As apresentações
Os alunos das três escolas da SDR Itapiranga tiveram uma rotina cansativa durante os dois dias de Feira em Florianópolis. Das 9h às 18h, as três duplas tiveram de apresentar seus trabalhos a milhares de visitantes. Estima-se que tenham passado 2,5 mil visitantes no Complexo Esportivo Rozendo Lima, anexo ao Instituto Estadual de Educação, onde foi realizado o evento. “Pudemos dar uma olhadinha, mas não conhecemos todos os projetos expostos na Feira”, comentou Camille Stülp, de 15 anos.
A boa recepção por parte da Secretaria de Estado da Educação (SED) foi destacada tanto por Camille, quanto por Daeana, de 16 anos. “Fomos bem recebidas e foi muito bom participar de um evento deste tamanho”, disse Daeana. “Eles foram muito atenciosos conosco. E foi uma ótima oportunidade para conhecermos alunos de outras escolas do Estado”, complementou Camile. As duas cursam o segundo ano do Ensino Médio.
Os projetos e a importância da SDR
O professor Henrique lembrou que a maioria dos projetos apresentados em Florianópolis tem aplicação na estrutura escolar e que o nível dos trabalhos apresentados foi muito alto.
Para o gerente de Educação da Gered, Nilton Renz, o desenvolvimento de projetos instiga o raciocínio lógico e o incentivo da comunicação oral. “Estas ações agregam conhecimento ao aluno no decorrer da elaboração e execução do trabalho, pois é necessário seguir etapas que configurem o processo de elaboração e aplicabilidade do projeto, levando em consideração um problema que afeta a realidade, e a partir disso, começar a formular possíveis soluções. O incentivo à realização da Feira de Ciências deve ser sempre mantido. É necessário dar importância desde o início do ano letivo, estimulando, por meio dela, o intercâmbio de conhecimentos entre instituições de ensino e comunidade em geral”, considerou.
Para Nilton, o sucesso das escolas de Itapiranga no evento é reflexo do trabalho da Secretaria de Desenvolvimento Regional. “O Estado de Santa Catarina passou por uma reestruturação na maneira de se governar, formando as SDRs. Este novo formato de gestão, de governar, fez com que as instituições do Estado passassem a estar mais próximas da população. Assim, as ações passaram a ser acompanhadas e resolvidas de forma mais eficaz e rápida”, avaliou.
O gerente de Educação afirmou que a descentralização propiciou às comunidades microrregionais a possibilidade de melhorar o desenvolvimento de seus municípios. “A proximidade das SDRs junto às unidades escolares criou uma sintonia de ação, concentrada na realidade, necessidade e proposta de cada escola, criando condições para o desenvolvimento dos programas e projetos abraçados pela comunidade escolar em geral”, concluiu Nilton Renz. |